As primeiras instruções que Deus deu a Adão e Eva foram muito claras e precisas, não deixavam margem para qualquer dúvida: “Podem comer de tudo, menos do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois se comerem morrem.” A proposta da serpente, ao contrário, lançou imprecisões, dúvidas e ilusões trapaceiras: “Talvez não morram. Não é bem como Deus diz. Se comerem, vocês ficarão melhores, serão como Deus, conhecendo e dominando o bem e o mal!” Saltam-me duas lições importantes daqui. A primeira é que as palavras e as ordens de Deus, ainda que não conheçamos todos os seus contornos, são sempre claras e verdadeiras. Já as propostas do diabo são sempre ambíguas, impostoras e mentirosas. Deus é luz, o diabo é trevas. Deus é a verdade, satanás é o pai da mentira. A segunda lição relaciona-se com a ilusão satânica que a vontade de Deus não é assim tão boa e que o melhor é contrariar essa vontade. O velho ditado popular “o proibido é o mais apetecido”. A falácia vem embrulhada num apelo sensorial apetitoso e na promessa de uma satisfação imediata. Puro engano. A história revela que as consequências da desobediência foram letais para todos. Não somos chamados a conhecer tudo, mas a obedecer a Deus e à verdade da sua Palavra. A Palavra de Deus esclarece e vivifica, a palavra do diabo confunde e mata. Não existe nada maior e melhor que obedecer à vontade de Deus. A sua vontade é “boa, agradável e perfeita”.
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A morte incomoda. Ela castiga e silencia. A morte espalha o terror, a escuridão, o vazio, a ausência. Ela escancara a nossa finitude e pequenez, ri dos soberbos e orgulhosos. Mas a morte, talvez sem nunca o saber e imaginar, porque se há coisa que a morte não consegue é sonhar, também relembra coisas boas. Ensina-nos a viver. Valorizar mais o que vale a pena valorizar e viver. Introduz o mistério, o desconhecido, a possibilidade de um melhor porvir. A esperança do melhor. A morte sabe que a nossa vida é mais do que um corpo inerte. Ela encolhe-se e tolhe-se derrotada, diante de uma cruz ensanguentada. A morte um dia vai acabar. C. S. Lewis no seu livro "Milagres" (editado em português pela Editora Vida), discorre dos dois aspectos contraditórios da morte Ele escreve que "Por um lado, a morte é o triunfo de Satanás, a punição pela Queda e o último inimigo. Cristo derramou lágrimas no túmulo de Lázaro e suou sangue no Getsemâni. A Vida das vidas que estava nele não odiou menos do que nós este castigo obsceno, mas muito mais. Por outro lado, somente quem perde a sua vida ganha-la-á. Somos baptizados na morte de Cristo, e este é o remédio para a Queda. Na verdade, a morte é o que alguns indivíduos hoje chamam de "ambivalente". Ela é a grande arma de Satanás e, ao mesmo tempo, a grande arma de Deus: é sagrada e profana; nossa suprema desgraça e a nossa única esperança; aquilo que Cristo veio para conquistar e o meio pelo qual ele conquistou." A morte não é o fim. É a grande arma divina para nos dar Vida. "Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer." (Daniel 6:10) Quando Daniel soube que o Rei Dario tinha proibido a oração a Deus, ele continuou a orar três vezes ao dia. Daniel orava assim, não propriamente para contrariar ou desafiar as leis que alguns homens invejosos impuseram ou tampouco orou para ser poupado dos leões esfomeados. Ainda que a sua oração tivesse efeito, tanto nas leis malignas do Rei, como terá contribuído para fechar a boca aos leões, Daniel orou persistentemente porque a intimidade e a dependência de Deus eram a prática real e principal da sua vida. Daniel não começou a orar quando os problemas apertaram na sua vida, ele orou "como também antes costumava fazer". A motivação principal da oração de Daniel não era ele próprio nem contra aqueles que o afligiam. A causa era Deus, a Sua comunhão e Sua vontade. Quais são as motivações das nossas orações? A vida tem muitos sobressaltos. O imprevisto mexe sempre connosco. Aqueles contratempos que interrompem a nossa caminhada rotineira e que nos surpreendem negativamente. Surgem dores repentinas, é um telefonema da escola do filho a dizer que teve um acidente, litígios e discussões com que não contávamos, objectos importantes que perdemos, coisas que se quebram, tropeços que nos derrubam. Alguns, certamente que serão meros factos circunstanciais, mas também podem ser sinais. Sussurros divinos. Podem ser toques da mão amorosa de Deus no nosso ombro. Mas quem é que gosta de acidentes? Ninguém gosta de esmurrar o carro novo (ou velho!), ou de tropeçar e partir o nariz. Ninguém se alegra com uma repentina dor de dentes. Quem gosta de acordar com um alarme que toca? Ou de despertar com um telefonema que nos põe o coração a explodir? É bom contar e estar preparado para o imprevisto. Acima de tudo, reconhecer o soberano Deus também nessas circunstâncias. Muitas vezes Ele usa esses "percalços" - graves transtornos, do nosso ponto de vista -, para despertarmos e crescermos um pouco mais. Às tantas não são acidentes, são oportunidades celestiais. Não sei se já todos vislumbramos bem a grandeza da graça de Deus na vida de Zaqueu. O tal homem que, sendo pequeno de estatura, era grande na roubalheira. Zaqueu subiu numa árvore para ver Jesus passar, mas na verdade, não foi Zaqueu que convidou Jesus a entrar na sua vida, foi Jesus que lhe pediu para entrar na dele: "Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa." Prontamente Zaqueu desceu e recebeu-O. O sublime toque da graça não se conquista, recebe-se. O novo Zaqueu salvo e transformado, resolveu devolver tudo o que tinha roubado. Mas a salvação de Deus não veio depois de Zaqueu ter mudado de vida. A mudança efectivamente aconteceu como reacção à salvação divina. Quando permitimos que Jesus toque a nossa vida, as atitudes, os relacionamentos e as prioridades realmente mudam. Se não mudam, é porque ainda se está perdido em cima da árvore, à espera de quem já passou. Ainda há quem julgue (infelizmente alguns que se dizem cristãos) que é possível ser uma pessoa boa e melhor sozinha. Basta esforçar-se muito, realizar coisas boas e altruístas. Só que será sempre um esforço insuficiente e inglório. Ninguém muda, nem cresce, se não descer de si próprio, às mãos do Messias. Quando aceitamos a graça generosa de Deus encontramos a alegria da vida - a vida abundante e a eterna. |
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