Existem pelo menos dois tipos de discursos maus. O primeiro é longo, fastidioso, monótono, permeado por desvios e detalhes irrelevantes que não interessam à adequada compreensão da temática. O outro discurso mau, até pode ser curto, mas é simplório, despreparado, superficial, discorre sobre boçalidades e clichés, acrescenta pouco ou nada a quem ouve. O bom discurso tem peso e medida, é cheio de vida, profundidade e racionalidade, usa ilustrações e analogias adequadas, mas centra-se sempre na temática principal, responde às indagações dos ouvintes e do tempo presente. Não é fácil. Dá muito trabalho. É um dom. Não é o primeiro a dizer-me que ficou mais cansado nas férias do que se estivesse a trabalhar. Seja pelas muitas actividades ou por viagens realizadas nas férias, ou simplesmente por não fazer nada (e deixem-me dizer que não fazer nada também cansa bastante), há pessoas que nem a repousar conseguem encontrar o verdadeiro descanso. O descanso efectivo, mais do que físico, é interior. E em matéria de interioridade, Jesus é o grande especialista. Aprender a descansar em Cristo é a grande lição que se afigura imprescindível, seja em trabalho ou em férias. Não só ir a Jesus para receber a paz de Deus, mas permanecer em Cristo para estar e andar descansado com Deus e os outros. Jesus é suficientemente poderoso para serenar a mais atribulada das almas. Ele continua de braços abertos com o seu meigo convite: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma" (Mateus 11:28-29). Não me espanta a apreciação efusiva inicial. Conheço bem o aplauso laudatório do primeiro instante. Admiro mais a persistência teimosa de quem sabe ficar, mesmo quando tantos desistem ao primeiro tropeçar. Permanecer no cuidado amoroso exige muito mais força e coragem do que a explosiva paixão de enaltecer tudo agora e fartar-se de tudo amanhã. A grande face do amor é a persistência. O amor é a maior das coisas práticas que sabe permanecer. Já há algum tempo que o jovem limoeiro do nosso pequeno jardim nos presenteia com belos limões. Um limoeiro pode demorar cerca de 4 anos antes de começar a produzir bons frutos. Os bons frutos exigem tempo. Tempo e cuidado. Os frutos na vida também. Há que ter paciência, amor e perseverança. Reflexão. A ponderação requer tempo e dá trabalho. Não é por acaso que existe tanta superficialidade e futilidade de ideias e atitudes na nossa sociedade apressada. Falta-nos tempo para silenciar, ouvir, esperar. Escutar Deus e a sua Palavra. Os bons frutos nem sempre são os maiores e nunca são imediatos. Os frutos espirituais brotam lenta e naturalmente da nossa relação vital com Cristo. Quando estamos bem conectados, atentos, dedicados, pacientes, esperançosos n'Ele, os frutos sempre surgirão. Seja no jardim, na família, no trabalho, na igreja ou na nossa própria vida. Que tipo de frutos você está a produzir? As cargas deste mundo apertam-nos. Quem segue a Palavra de Deus sabe que vão surgir aflições. Quando cremos que Deus em Cristo venceu as cargas deste mundo, as coisas que nos sobrecarregam continuarão a pesar, mas brota um descanso e um ânimo interior. Deus cuida sempre dos seus filhos. Ele é mais forte que a carga mais pesada. Na sua misericórdia e poder, Deus pode remover instantaneamente o que nos aflige. Ou então, conservar essas cargas por mais algum tempo, como lembrança que não somos daqui e que devemos continuar a caminhar dependendo mais dele do que de nós próprios. É o próprio Jesus que nos sussurra hoje ao ouvido: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:33). |
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January 2016
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