Que nunca nos falte a Luz
De repente a luz falhou e foi tudo abaixo. A falta de luz é tramada. As trevas são más. Quando voltou, já não havia net, televisão e telefones. Estas coisas costumam avariar aparelhos. Perdem-se trabalhos. Os computadores, por exemplo, detestam estes cortes de energia. Os alarmes parece que também não simpatizam muito com cortes. Ninguém gosta de cortes. Depois de longos minutos de espera, que pareciam horas, a luz lá voltou. Ninguém gosta de esperar, mas faz-nos bem. Aprende-se a parar. A electricidade é importante (e caríssima!), mas há uma luz maior e melhor. A Bíblia diz que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5). Deus não é luz, mas Ele esparge a sua luz. Quem crê e anda com Deus anda na luz espiritual e relacional. Torna-se filho da Luz.
Quando andava no serviço militar, depois de conversar com um colega acerca dos assuntos da fé, ele acusou-me que essas coisas eram só para uns quantos "iluminados". Nessa altura não gostei muito. O tom era ironicamente depreciativo. Hoje não me importaria assim tanto. A iluminação não é, nem fruto do nosso esforço, nem por causa da "nossa bondade". Mas compreendo agora que sem iluminação divina o homem nada pode saber relativamente às coisas espirituais. "Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Coríntios 4:6). A luz é divina, mas vê-se. Jesus afirmou que era a luz que veio a este mundo: "Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas" (João 12:46). Quando cremos em Jesus, saltamos das trevas para a sua maravilhosa luz.
Mas podemos pensar que estamos na luz e estarmos enganados. O apóstolo João diz: "Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas" (1 João 2:9). Rejeitar, desprezar ou odiar o nosso irmão que vemos, equivale a fazer isso tudo ao "Pai das luzes" e estar no pior dos negrumes. Uma das provas, ou evidência, que alguém está na luz é o amor pelo próximo (1 João 2:10). O caminho da luz é o caminho do amor. Amar é iluminar. Não um amor propriamente nosso, mas a luz que reflectimos da essência da natureza divina que está em nós. A luz ainda brilha. Que nunca nos falte. "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz" (João 12:36).
Quando andava no serviço militar, depois de conversar com um colega acerca dos assuntos da fé, ele acusou-me que essas coisas eram só para uns quantos "iluminados". Nessa altura não gostei muito. O tom era ironicamente depreciativo. Hoje não me importaria assim tanto. A iluminação não é, nem fruto do nosso esforço, nem por causa da "nossa bondade". Mas compreendo agora que sem iluminação divina o homem nada pode saber relativamente às coisas espirituais. "Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Coríntios 4:6). A luz é divina, mas vê-se. Jesus afirmou que era a luz que veio a este mundo: "Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas" (João 12:46). Quando cremos em Jesus, saltamos das trevas para a sua maravilhosa luz.
Mas podemos pensar que estamos na luz e estarmos enganados. O apóstolo João diz: "Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas" (1 João 2:9). Rejeitar, desprezar ou odiar o nosso irmão que vemos, equivale a fazer isso tudo ao "Pai das luzes" e estar no pior dos negrumes. Uma das provas, ou evidência, que alguém está na luz é o amor pelo próximo (1 João 2:10). O caminho da luz é o caminho do amor. Amar é iluminar. Não um amor propriamente nosso, mas a luz que reflectimos da essência da natureza divina que está em nós. A luz ainda brilha. Que nunca nos falte. "Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz" (João 12:36).
O verdadeiro descanso dos jovens
Enquanto escrevo este artigo, posso contemplar da minha janela o céu azul claro, limpo de nuvens e sentir os raios quentes do sol que espelham nas paredes das casas e aquecem o meu escritório. Depois do rigoroso Inverno, chegou finalmente o tempo quente. Este ar cálido e abafado, sem vento, prenuncia as férias e brada por descanso. A vontade de ficar estirado junto à brisa fresca do mar, a contemplar o horizonte, a bebericar uma bebida gelada, ouvir uma música suave, ler um bom livro. O descanso é uma coisa maravilhosa.
Quando a nova direcção do Refrigério me propôs escrever algo que relembrasse a importância do descanso aos jovens, imediatamente assaltaram-me algumas interrogações. Precisam os jovens ser recordados do valor do descanso? Não é a juventude a época da vida em que, supostamente se descansa com abundância? Não rima a juventude com divertimento e lazer?
Um estudo1 recente realizado em Portugal sobre Medicamentos e Consumos de Performance na população jovem concluiu que cerca de um quarto dos jovens portugueses (dos 18 aos 29 anos) já consumiu fármacos para a concentração e/ou para descontrair e acalmar. Mais de 70% dos inquiridos, diz o estudo, já consumiram medicamentos ou produtos naturais para dormir, para a concentração, para descansar, para aumentar a energia física, para emagrecer ou para aumentar a massa corporal. A coordenadora do estudo, a socióloga Noémia Lopes, diz que os jovens “vivem um ambiente de grande pressão psicológica, quase física.”
Certamente que não precisávamos deste perturbante relatório, para chegar à conclusão que os jovens necessitam efectivamente de descanso e, sobretudo, aprenderem a descansar. Sei isto porque também já fui jovem (embora no século passado, lembrar-me-ão alguns), tenho o privilégio de conviver diariamente com duas jovens (as minhas filhas) e tenho lidado ao longo da minha vida com muitos outros jovens.
Seja por causa da extenuante carga horária escolar a que os jovens estão sujeitos, ou pelas inúmeras actividades desportivas, musicais e extracurriculares que os pais os carregam, seja por causa da pressão dos testes, dos exames, dos trabalhos práticos, seja na sequência da tensão competitiva, da melhor performance e resultados, ou mesmo por causa da conflitualidade familiar, relacional e financeira que muitos vivenciam, os jovens precisam mesmo aprender a descansar.
Mas que tipo de descanso estamos aqui a falar? São as férias escolares, as praias, as viagens, os passeios, os concertos ou mesmo os acampamentos bíblicos que vão suprir o verdadeiro refrigério ao jovem? Sem querer retirar a importância de todas essas coisas, muito especialmente dos acampamentos bíblicos, que aconselho vivamente, estou a pensar noutro tipo de descanso. O descanso que se encontra em Deus. A paz de Deus que se instala na alma, que dá um apaziguamento interior e que transcende a mera interrupção de um qualquer ciclo lectivo ou laboral.
Foi Deus quem criou e implementou o descanso. Embora Deus sempre esteja a trabalhar (João 5:17), há um tipo de descanso que Ele tinha em mente para nós. Este descanso é mais do que a separação ritualista de um dia específico, mais do que uma formalidade religiosa (coisa que os Judeus do tempo de Jesus, particularmente os Fariseus, não compreenderam e infelizmente alguns cristãos hoje igualmente não compreendem), foi criado para nosso benefício e desfrute. Mais do que um tempo, é uma Pessoa. A “terra” verdadeira do nosso descanso é Deus.
Agostinho de Hipona escreveu nas suas Confissões a conhecida frase, “Senhor, Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti.” Deus é o descanso que os jovens carecem. Enquanto não aprendermos a descansar n’Ele, mesmo que passemos um mês numa pacífica ilha paradisíaca ou no melhor retiro espiritual, vamos continuar em desesperante inquietude.
Por mais atléticos, fortes e enérgicos que os jovens sejam, o profeta Isaías afirma peremptoriamente que os “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os jovens certamente cairão” (Isaías 40:30). Há contudo uma resposta esperançosa, mesmo para esses jovens prostrados e sem forças, “os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão.” (Isaías 40:31). Esta força adicional deriva do facto de nos deleitarmos em Deus e esperar mais n’Ele do que nas nossas próprias forças. Isto nada tem a ver com inactividade, preguiça ou substituição de actividades físicas e mentais por outras actividades, por muito espirituais que sejam; é um vivo e activo esperar no “Deus que opera e trabalha.” É um percurso pragmático de entrega, submissão e dependência. Encontramos a tranquilidade e a paz interior, em qualquer tempo e circunstância, quando estamos em comunhão com Deus, vivemos no centro da sua vontade, quando meditamos na perfeita Palavra do Senhor, que segundo David, “refrigera a alma” (Salmo 19:7).
O maravilhoso convite de Jesus, produzido há mais de dois mil anos, ainda ecoa hoje e está disponível para todos os jovens e adultos que andam cansados e oprimidos com tantas coisas: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.” (Mateus 11:28-29). Não somente ir a Jesus – o melhor rumo –, é aprender com Ele e permanecer n’Ele – o melhor repouso. Não só levar-lhe as nossas cargas e as nossas ansiedades, mas caminhar com Cristo, serenando e aquietando o nosso coração n’Ele, seja nas férias ou no trabalho. Implica sujeição, humildade e obediência a Deus. Se assim o fizermos, Ele promete que encontraremos descanso para a nossa atribulada alma. Este sossego interior aponta para a eternidade, para “a esperança que está reservada nos céus” (Colossenses 1:5), a plenitude do supremo repouso. Descansados, porque estaremos para sempre na sua gloriosa presença.
Jorge Oliveira
(Publicado na edição nº 153 - Abril-Junho 2014, da Revista Refrigério)
1 – Estudo realizado pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em Lisboa, em parceria com a Egas Moniz-Cooperativa de Ensino Superior - Jornal Público, em 01/04/2014, aqui: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-quinto-dos-jovens-portugueses-consomem-farmacos-para-a-concentracao-e-para-acalmar-1630435
Quando a nova direcção do Refrigério me propôs escrever algo que relembrasse a importância do descanso aos jovens, imediatamente assaltaram-me algumas interrogações. Precisam os jovens ser recordados do valor do descanso? Não é a juventude a época da vida em que, supostamente se descansa com abundância? Não rima a juventude com divertimento e lazer?
Um estudo1 recente realizado em Portugal sobre Medicamentos e Consumos de Performance na população jovem concluiu que cerca de um quarto dos jovens portugueses (dos 18 aos 29 anos) já consumiu fármacos para a concentração e/ou para descontrair e acalmar. Mais de 70% dos inquiridos, diz o estudo, já consumiram medicamentos ou produtos naturais para dormir, para a concentração, para descansar, para aumentar a energia física, para emagrecer ou para aumentar a massa corporal. A coordenadora do estudo, a socióloga Noémia Lopes, diz que os jovens “vivem um ambiente de grande pressão psicológica, quase física.”
Certamente que não precisávamos deste perturbante relatório, para chegar à conclusão que os jovens necessitam efectivamente de descanso e, sobretudo, aprenderem a descansar. Sei isto porque também já fui jovem (embora no século passado, lembrar-me-ão alguns), tenho o privilégio de conviver diariamente com duas jovens (as minhas filhas) e tenho lidado ao longo da minha vida com muitos outros jovens.
Seja por causa da extenuante carga horária escolar a que os jovens estão sujeitos, ou pelas inúmeras actividades desportivas, musicais e extracurriculares que os pais os carregam, seja por causa da pressão dos testes, dos exames, dos trabalhos práticos, seja na sequência da tensão competitiva, da melhor performance e resultados, ou mesmo por causa da conflitualidade familiar, relacional e financeira que muitos vivenciam, os jovens precisam mesmo aprender a descansar.
Mas que tipo de descanso estamos aqui a falar? São as férias escolares, as praias, as viagens, os passeios, os concertos ou mesmo os acampamentos bíblicos que vão suprir o verdadeiro refrigério ao jovem? Sem querer retirar a importância de todas essas coisas, muito especialmente dos acampamentos bíblicos, que aconselho vivamente, estou a pensar noutro tipo de descanso. O descanso que se encontra em Deus. A paz de Deus que se instala na alma, que dá um apaziguamento interior e que transcende a mera interrupção de um qualquer ciclo lectivo ou laboral.
Foi Deus quem criou e implementou o descanso. Embora Deus sempre esteja a trabalhar (João 5:17), há um tipo de descanso que Ele tinha em mente para nós. Este descanso é mais do que a separação ritualista de um dia específico, mais do que uma formalidade religiosa (coisa que os Judeus do tempo de Jesus, particularmente os Fariseus, não compreenderam e infelizmente alguns cristãos hoje igualmente não compreendem), foi criado para nosso benefício e desfrute. Mais do que um tempo, é uma Pessoa. A “terra” verdadeira do nosso descanso é Deus.
Agostinho de Hipona escreveu nas suas Confissões a conhecida frase, “Senhor, Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti.” Deus é o descanso que os jovens carecem. Enquanto não aprendermos a descansar n’Ele, mesmo que passemos um mês numa pacífica ilha paradisíaca ou no melhor retiro espiritual, vamos continuar em desesperante inquietude.
Por mais atléticos, fortes e enérgicos que os jovens sejam, o profeta Isaías afirma peremptoriamente que os “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os jovens certamente cairão” (Isaías 40:30). Há contudo uma resposta esperançosa, mesmo para esses jovens prostrados e sem forças, “os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão.” (Isaías 40:31). Esta força adicional deriva do facto de nos deleitarmos em Deus e esperar mais n’Ele do que nas nossas próprias forças. Isto nada tem a ver com inactividade, preguiça ou substituição de actividades físicas e mentais por outras actividades, por muito espirituais que sejam; é um vivo e activo esperar no “Deus que opera e trabalha.” É um percurso pragmático de entrega, submissão e dependência. Encontramos a tranquilidade e a paz interior, em qualquer tempo e circunstância, quando estamos em comunhão com Deus, vivemos no centro da sua vontade, quando meditamos na perfeita Palavra do Senhor, que segundo David, “refrigera a alma” (Salmo 19:7).
O maravilhoso convite de Jesus, produzido há mais de dois mil anos, ainda ecoa hoje e está disponível para todos os jovens e adultos que andam cansados e oprimidos com tantas coisas: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.” (Mateus 11:28-29). Não somente ir a Jesus – o melhor rumo –, é aprender com Ele e permanecer n’Ele – o melhor repouso. Não só levar-lhe as nossas cargas e as nossas ansiedades, mas caminhar com Cristo, serenando e aquietando o nosso coração n’Ele, seja nas férias ou no trabalho. Implica sujeição, humildade e obediência a Deus. Se assim o fizermos, Ele promete que encontraremos descanso para a nossa atribulada alma. Este sossego interior aponta para a eternidade, para “a esperança que está reservada nos céus” (Colossenses 1:5), a plenitude do supremo repouso. Descansados, porque estaremos para sempre na sua gloriosa presença.
Jorge Oliveira
(Publicado na edição nº 153 - Abril-Junho 2014, da Revista Refrigério)
1 – Estudo realizado pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em Lisboa, em parceria com a Egas Moniz-Cooperativa de Ensino Superior - Jornal Público, em 01/04/2014, aqui: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-quinto-dos-jovens-portugueses-consomem-farmacos-para-a-concentracao-e-para-acalmar-1630435